As Bachianas Brasileiras
Heitor Villa-Lobos é famoso por suas diversas composições como peças para piano, concertos, choros e dentre muitas outras peças encaixa-se as Bachianas Brasileiras, que possui uma popularidade em relevo especial na obra de Villa-Lobos e na música comtemporânea. Ele foi um importante compositor de sua época e mesmo quarenta anos após sua morte, muitas pessoas continuam a gravar suas obras. Foi o compositor que caracterizou a música brasileira e as elevou internacionalmente, podendo encontrá-las nos mais importantes acervos de música.
É uma série de nove composições. Essa série recebe o nome “bachiana” pela inspiração que elas recebem de Bach, mesclando com a música popular brasileira. Mário de Andrade falou em 1938: “Há um bocado de Bach na música popular brasileira, mas o desnorteante é que há um bocado de tudo.” Assim, a junção de ambos os estilos caracterizou o nome Bachianas Brasileiras.
Bachianas Brasileiras n°1
Composta em 1930, foi dedicada a Pablo Casals, para orquestra de violoncelos e escrita para os concertos sinfônicos de Walter Burle-Marx no Rio de Janeiro, tendo sua primeira audição em 22 de setembro de 1932. Contém 3 movimentos:
1. Introdução (Embolada): Possui o andamento Animato, criando nos primeiros compassos um ambiente típicamente brasileiro com a mistura da atmosfera clássica preparando para os processos de Bach, mas sem perder o ritmo inicial.
2. Prelúdio (Modinha): Com andamento Andante ela, seu tema foi construído em forma de ária bachiana com uma melodia larga e lamentosa.
3. Fuga (Conversa): Portando um andamento Un poco animato, Heitor quis reproduzir uma conversa de uatro chorões, onde os instrumentos discutem a primazia temática, em perguntas e respostas sucessivas em um crescendo dinâmico.
Bachianas Brasileiras nº2
Composta também em 1930, feita para orquestra de câmara estreada em Veneza por Alfredo Casella, tendo sucesso oito anos mais tarde. Nela existe quatro movimentos, cada um re-explorando alguma peça para piano ou para violoncelo e piano.
1. Prelúdio (O Canto do Capadócio): Nele temos um feliz retrato do capadócio, que nos apresenta gingando e sinuoso em um andamento adágio.
2. Ária (O Canto da Nossa Terra): Em andamento Largo, nos apresenta um ambiente sonoro do candomblés e das macumbas.
3. Dança (Lembranças do Sertão): Ela possui uma vistosa melodia no trombone que se afastam bastante da atmosfera bachiana, apesar da progressão dos baixos modulantes. Andamento Andantino moderato.
4. Tocata (O Trenzinho do Caipira): Esse quarto movimento é mais conhecido por Trenzinho do caipira, a qual faz uma encantadora descrição das impressões de uma viagem nos pequenos trens do interior do Brasil. O autor não quis simplesmente descrever um alocomotiva em movimento, mas fazer uma obra emprestando-lhe delicada melodica nacional. A melodia recebeu letra composta por Ferreira Gullar.
Bachianas Brasileiras nº 3
É uma peça para piano e orquestra, dedicada à Mindinha. Foi composta em 1934, estreando apenas em 1947, tendo como pianista José Vieira Brandão e como regente o próprio Villa-Lobos. Assim como as Bachianas Brasileiras nº2, essa também composta por quatro movimentos.
1. Prelúdio (Ponteio): Tem início com uma frase larga, em adágio, quase em forma de recitativo, a cargo do piano. Ao mesmo tempo, se esboça outra melodia no grave, delineado pela orquestra em contraponto com o piano solo, criando um ambiente talvez demasiado próximo a Bach.
2. Fantasia (Devaneio): Mesmo sendo apresentada como desvaneio musical, esse movimento tem a feição de ária, interrompida por acordes secos até o piú mosso, que introduz o segundo episódio, alegre e vivaz, onde se destaca o solo do piano em brilhante vistuosismo.
3. Ária (Modinha): Em andamento largo, a ária possui um belo tema brasileiro, simplesmente contrapontado.
4. Toccata (Picapau): em um andamento Allegro, esse movimento deixa tranparecer o ambiente das danças populares dos estados do norte do Brasil.
Bachianas Brasileiras nº4
Composta para piano solo apartir de 1930, mas estreada somente em 1939. Ela recebeu novo arranjo ária orquestra em 1941, estreando em meados do ano seguinte, em 1942. Essa obra contém quatro movimentos.
1. Prelúdio (Introdução): Preparado para cordas sinfônicas. Villa-Lobos se mostra neste movimento um verdadeiro mestre na arte de aproveitamento motívico.
2. Coral (Canto do Sertão): Coral de forma serena e quase religioso. Busca evocar o interior no planalto central do Brasil com uma melodia longa e arrastada de onde vem um som que mostra ser característico da ave muito comum daquele território, a araponga.
3. Ária (Cantiga): Neste movimento Heitor trabalha com um tema folclórico em modo dórico.
4. Dança (Miudinho): Bsatante apreciado, assim como o segundo movimento. O movimento tem um fecho festivo e frenético à suite.
Bachianas Brasileiras nº5
A peça foi composta para soprano e orquestra de violoncelo. Ela é dividida em apenas duas partes
1. Ária (Cantilena): Escrita em 1938. Foi dedicada a Arminda Villa-Lobos. A letra deste movimeno é de Ruth Valadares Corrêa. Ela é uma das obra-primas de Heitor e a que mais frequentemente tem sido gravado no exterior. Sua introdução de dois compassos quinários em pizzicatto,define os ponteiro de violões seresteiros. Ruth Valadares também foi a cantora do movimento durante sua estréia em 1939, sob a condução do próprio Villa-Lobos.
2. Dança (Martelo): Essa peça é datada de 1945, quando foi apresentada, tendo a letra composta por Manuel Bandeira. Dois anos mais tarde foi estreada em Paris. Ele tem uma lenta melodia lírica, pairando sobre pizzicatti em contraponto, cuja polifina se apoia em uma marcha lenta de baixos encadeados à maneira de Bach.
Bachianas Brasileiras nº6
Peça composta em 1938 para flauta e fagote. Contém dois movimentos.
1. Ària (Choro): Andamento largo.
2. Fantasia: Andamento Allegro.
Bachianas Brasileiras nº7
Escrita para orquestra, em 1942. São divididas em quatro partes. São especialmente interessantes os dois últimos movimentos
1. Prelúdio (Ponteio)
2. Giga (Quadrilha Caipira)
3. Toccata (Desafio): O tema principal aparece em meio de sons festivos, ritmos ligeiros, timbres picantes e harmonias dissonantes, como um lance do cantor sertanejo que desafia o seu adversário. A resposta a esse motivo formulado em surdina pelo pistão, é dada pelo trombone. É realmente magnífica a feitura deste tempo, tanto pelo seu valor técnico, quanto pelas suas qualidades descritas.
4. Fuga (Conversa): Esta peça foi dedicada a Gustavo Capanema, grande ministro da Educação de Getúlio Vargas. Ela é a quatro vozes, escapando um pouco às regras escolásticas e com um tema brasileiro, encerra a obra, que é das mais fortes das séries.
Bachianas Brasileiras nº8
Composta em 1944, para orquestra. A primeira apresentação desta obra foi dada na Acaddemia Santa Cecília em Roma, regida pelo próprio Villa-Lobos. Esta contém quatro movimentos:
1. Prelúdio – Adagio
2. Ària (Modinha) – Largo
3. Toccata (Catira Batida): Neste movimento, no segujndo compasso os oboés esboçam o tema inicial, scherzando, à maneira da catira batida, dança-canção do Brasil central. Uma coda de quatro compassos, em andamento prestíssimo, encerra este tempo de modo inesperado.
4. Fuga – Poco moderato
Bachianas Brasileiras nº9
Ùltima a ser composta em 1945. Esta peça foi escrita para orquestra de vozes ou orquestra de cordas. De realização dificílima, esta Bachiana representa o clímax da obra vocal do mestre. Nela se atinge um virtuosismo considerável. Esta obra possui apenas dois movimentos:
1. Prelúdio: Este movimento tem o andamento vagaroso e místico, está distribuído por seis vozes mistas.
2. Fuga: começando com seis vozes ela se desenvolve até surgir de forma majestosa e dominadora, uam melodia em três oitavas, em forma de coral.
Foi com essa obra prodigiosamente rica em trimbres, obtido por intermédio de supreendentes efeitos onomatopaicos de sílabas e vogais, Villa-Lobos encerrou esta série tão conhecida e apreciada no Brasil e no exterior. Esta Bachiana é ouvida mais frequentemente em sua versão orquestral. Todas as Bachianas estão gravadas e disponíveis na praça.